Alan, esse seu texto tá muito bom. Muito mais educativo que o anterior e, como nos falamos hoje no Facebook, você amadureceu o discurso depois do fervor da questão. Não te culpo pela raiva e peço desculpas pelo meu lapso como autora da coluna sobre o tema em não ter dado mais protagonismo aos nordestinos ali mesmo. Quando li o seu texto, li apenas a proposição de que é proibido a alguém de fora do Nordeste escrever sobre o Nordeste e que os artistas citados por mim foram racistas nas suas representações de alguém não local. É fato que eu não dei esse protagonismo, mas foi muito mais por descuido meu do que algo proposital/racista, então peço desculpas por isso e tentarei, na medida do possível, reparar isso na minha próxima coluna que espero contar com a sua visão também.
Mas aqui vejo um conteúdo muito mais engrandecedor e cheio de potência que me fez atentar ao texto do Ian porque ainda não havia lido este seu. Estou fazendo o dever de casa conferindo todas as conversas que se iniciaram após a minha coluna e aprendendo muito. Eu fico animada que você esteja se organizando e triste porque seu colega Alec ainda tem uma posição extremamente suja de ficar zombando dos outros pelas costas. De qualquer maneira, a sua coragem em conversar com as pessoas e de continuar propondo maneiras de desdobrar esse tal de cyberagreste é ótimo.
Agora, queria aproveitar e te fazer uma pergunta aqui que cheguei a fazer no meu face, mas talvez vc não tenha visto. Do ponto de vista léxico, cyberpunk traz a ideia da tecnologia cibernética mais a atitude punk, isto é, pessimista e crítica. Nesse sentido, um cyberagreste traria um agreste com tecnologias cibernética e um sertãopunk um sertão niilista. Não é isso que você propõe e que você gostaria de ver como desconstrução desse Nordeste negativo e estereotipado que foi pintado pelo mercado, daí citando solarpunk e afrofuturismo. Então, apesar de solarpunk ser um subgênero mais positivo sobre o futuro e a relação natureza-tecnologia, ele não abandona o prefixo punk - isso se segue aqui no sertãopunk também? Ou seria o caso de pensar em um futurismo nordestino ou algo do tipo, emprestando a proposta do afrofuturismo? Não que seja extremamente decisório definir o termo no fim das contas, mas só pra checar com você pelas referências e pela proposição que esse seu texto, que é praticamente um manifesto, traz. Acho que podemos conversar mais quando eu começar a trabalhar na nova coluna, mas queria deixar isso aqui na sua página pra também agregar à sua produção, se possível.
Parabéns pelo seu trabalho em fortalecer e amadurecer o gênero dialogando com as pessoas e produzindo material de referência.